Empreender para crer
No último mês de setembro ocorreu a segunda conferência de inovação Brasil-EUA. O evento ocorreu na cidade de Washington, capital dos EUA. O evento foi organizado pela ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial) em parceria com o MBC (Movimento Brasil Competitivo) e Concil on Competitiveness. Estiveram presentes diversos líderes de ambos os países como o presidente da ABDI, Dr. Reginaldo Arcuri, o CEO da Deere & Company, Samuel Allen, Lee McIntire, CEO da CH2M HILL, entre outros.
Da cidade de São Carlos (SP) estiveram presentes o Prof. Dr. Paulo Ignácio de Almeida diretor executivo da agência de inovação da UFSCar e o coordenador do núcleo regional de inovação (NRI) do CIESP de São Carlos e região, Dr. Antonio Valerio Netto, da empresa Cientistas. Inclusive, Valerio Netto, foi o redator da mesa redonda que discutiu o tema envolvendo a transferência e comercialização de tecnologia. Nesta mesa estavam entre outras autoridades brasileiras, o Dr. Ruben Dario Sinisterra, presidente do Fortec, Dra. Lucia Mello presidente do CGEE, o presidente do Inmetro, Dr. João Alziro Herz da Jornada e o Sr. Carlos Roberto Rocha Cavalcante, superintendente do CNI/IEL. Na fase das discussões da mesa redonda, dois temas iniciais foram apresentados, o primeiro tema tratou de quais as grandes barreiras ou facilitadores para identificação e proteção da propriedade intelectual e o segundo tema foi referente a possíveis relatos por parte dos próprios participantes de práticas de sucesso (casos de sucesso) envolvendo a transferência de tecnologia a partir de pesquisas acadêmicas para o mercado consumidor. Baseados nesses dois pontos, novas questões foram citadas, como por exemplo, sobre qual o correto papel da universidade no Brasil neste processo de transferência de tecnologia; a ausência de profissionais em uma quantidade adequada no País que dominam a construção de uma ponte entre a pesquisa acadêmica e o mercado, o chamado “technological business manager”, além da questão do fomento a pesquisa, desenvolvimento e inovação (P&D&I) no Brasil realizado por órgãos do governo federal e estadual que timidamente promovem a criação e/ou consolidação de uma indústria de P&D&I no Brasil. As empresas com este modelo de negócios focado em desenvolvimento tecnológico, os chamados, Technology and Research Labs, poderiam ser a ponte entre o conhecimento gerado pelas universidades e institutos de pesquisa com as indústrias responsáveis pelo processo de produção e escalabilidade dos produtos e serviços para o mercado nacional e mundial.
Uma questão levantada por um dos participantes foi qual o significado de uma patente para as universidades e institutos de pesquisa brasileiros de forma geral. Quais os critérios que tem sido observados para justificar a realização de um processo de patenteamento de tecnologia. Ficou claro, mediante as discussões dos representantes norte-americanos que um possível caminho que pode ser percorrido para aperfeiçoar o processo de geração das patentes no Brasil é promover a capacitação de profissionais responsáveis pelo processo de transferência e comercialização de tecnologia com um forte viés de gestão de desenvolvimento de negócios. Particularmente, os NITs poderiam ser estruturados tendo como ponto de coesão, a presença desses gestores de negócios tecnológicos avaliando a potencialidade comercial de cada uma das possíveis patentes. Deveria se atentar para a tese de que um processo de patente é positiva quando se deseja comercializar tal conhecimento tecnológico em um determinado horizonte de tempo. Saber negociar os royalties de uma patente é um potencial indicador de desempenho para os NITs no Brasil. Mediante a experiência norte-americana, uma forma correta de mensurar sucesso não é a quantidade de patentes e sim o valor financeiro advindo da comercialização dessas patentes.
A principal conclusão obtida pelos participantes é que existe uma inicial sinergia entre os dois países. Diante disso, os pontos que precisam ser trabalhados para viabilizar potenciais projetos e gerar relacionamentos de longo prazo envolvem a formação profissional e vivência empresarial focada em negócios tecnológicos, isto é, gerar mão de obra qualificada para serem os “catalizadores” dessa operação. São os agentes de inovação e negócios que podem contribuir para transformar a cultura empreendedora em nosso País.
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